A diferença sutil – mas decisiva – entre crescer e gerar valor

O crescimento de uma empresa costuma ser celebrado como um sinal inequívoco de sucesso. Mas será que todo crescimento é realmente positivo?

A expansão pode ser um caminho sem volta para a destruição de valor. Empresas que crescem sem gerar retornos acima do custo de capital apenas consomem recursos, enquanto aquelas que equilibram crescimento e eficiência financeira constroem um legado duradouro. A chave está em diferenciar expansão estratégica de um crescimento que não cria valor, apenas inflando números sem sustentação econômica.

A lógica tradicional das métricas financeiras isoladas tem falhas significativas. O lucro contábil ignora o custo do capital acionário. O fluxo de caixa pode ser positivo mesmo quando a empresa perde relevância no mercado. Até o EVA, amplamente reconhecido como um dos melhores indicadores de criação de valor, pode limitar o crescimento quando aplicado sem uma visão sistêmica.

Nenhuma métrica, por si só, captura toda a complexidade de um negócio. É necessário um modelo que una crescimento, reinvestimento e criação de valor em um único framework estratégico.

Na Altoris desenvolvemos uma metodologia que avalia com precisão a sustentabilidade do crescimento corporativo. Nossa abordagem considera três elementos fundamentais: eficiência operacional, reinvestimento produtivo e a relação entre retorno sobre o capital investido e seu custo. Isso permite identificar onde o capital está sendo alocado de forma eficiente e onde pode estar comprometendo a sustentabilidade financeira.

Essa análise revela três perfis distintos de empresas: aquelas que crescem sem gerar valor e desperdiçam recursos; aquelas que equilibram crescimento e eficiência, garantindo criação de valor sustentável; e aquelas que, além disso, reinvestem estrategicamente para ampliar a geração de valor nominal. Essa última categoria, mesmo com a mesma taxa de retorno das demais, gera mais valor por reinvestir de forma mais agressiva sem comprometer sua eficiência.

O impacto desse modelo vai além da avaliação financeira. Ele orienta o planejamento estratégico, garantindo que o crescimento seja disciplinado e focado em iniciativas que realmente aumentam o valor da empresa ao longo do tempo. No planejamento financeiro, equilibra crescimento e liquidez, assegurando que os recursos sejam direcionados para oportunidades de alto retorno.

A avaliação de desempenho e a remuneração estratégica de executivos também se beneficiam dessa abordagem. A desconexão entre incentivos de curto prazo e criação de valor real ainda é uma das falhas mais graves na governança corporativa. Modelos que premiam expansão sem eficiência distorcem a tomada de decisão e podem comprometer o futuro da empresa, resultando em destruição silenciosa de capital. 

Ao integrar crescimento e eficiência financeira, é possível estruturar incentivos que alinhem os interesses dos executivos aos dos acionistas, garantindo que a expansão ocorra de forma sustentável.

Empresas que compreendem a diferença entre crescimento sustentável e expansão desordenada conquistam uma vantagem competitiva inestimável. Elas atraem investidores e detentores de capital, mantendo uma trajetória ascendente mesmo em cenários adversos. No longo prazo, a criação de valor sustentável se traduz em maior resiliência, rentabilidade consistente e retorno superior para os acionistas.

No fim das contas, o que realmente importa não é o lucro contábil, os dividendos distribuídos ou um fluxo de caixa positivo. O que define o sucesso de uma empresa é sua capacidade de crescer de forma sustentável, mantendo um equilíbrio inteligente entre retorno e reinvestimento.

Nossa metodologia não é apenas um conceito financeiro, mas uma abordagem estratégica fundamental para a construção de negócios sólidos, o desenvolvimento de vantagens competitivas e a formulação de estratégias de crescimento eficazes. Ela direciona a organização para o sucesso duradouro, promovendo disciplina na alocação de recursos e um foco contínuo na maximização do valor gerado.