O tempo da gestão complacente acabou
- Ismael Santos 
- 13 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de mai.
Nos últimos anos, o ambiente corporativo brasileiro tem sido marcado por estagnação econômica, deterioração fiscal, endividamento crescente, perda de confiança dos investidores e uma pressão contínua por resultados. Nesse contexto, a geração de valor ao acionista deixou de ser uma métrica financeira para se tornar uma exigência estratégica inadiável.
Apesar disso, ainda se observa uma gestão voltada à expansão de receitas, frequentemente financiada por capital caro, ao passo que as margens seguem comprimidas e o custo de capital é negligenciado. Esse desalinhamento entre estratégia e retorno revela a fragilidade de modelos que priorizam volume em detrimento de eficiência. Crescimento sem retorno real destrói valor.
O mercado não tolera mais narrativas desconectadas da realidade financeira. Exige clareza estratégica, coerência entre discurso e entrega, e uma tese de investimento robusta, que justifique o comprometimento de capital de longo prazo. É preciso abandonar a complacência, encarar lacunas de performance, rever portfólios, enfrentar ineficiências e cortar iniciativas que não geram valor.
A lógica do retorno ao acionista precisa ser incorporada como premissa gerencial — não como consequência eventual. Isso exige disciplina na alocação de capital, otimização da estrutura financeira e avaliação rigorosa dos investimentos, especialmente em um ambiente de custo elevado e margens estreitas.
Conselhos bem preparados e lideranças com senso de urgência tendem a ser o diferencial em um ciclo marcado por volatilidade e restrição. A boa governança, hoje, é menos sobre organogramas e mais sobre atitude. Empresas que adotam uma mentalidade crítica, proativa e orientada por valor estarão mais bem posicionadas para atravessar ciclos adversos e entregar resultados consistentes.
É diante dessa realidade que nossa atuação se consolida como uma força transformadora. Atuamos com visão de longo prazo, profundidade analítica e um compromisso inegociável com a criação de valor. Questionamos estruturas, provocamos a reavaliação de prioridades e orientamos a alta gestão na construção de uma agenda focada em resultados sustentáveis.
Mais do que interferir, instigamos. Promovemos uma provocação construtiva — muitas vezes necessária diante da paralisia decisória de conselhos e lideranças que evitam enfrentar os pontos sensíveis do negócio.
É preciso desafiar a inércia, promover ajustes corajosos e demonstrar, com clareza, coragem e senso de urgência frente às janelas críticas de transformação, além de um comprometimento real com a geração de valor para o acionista.
A atuação da alta administração deve estar pautada por quatro imperativos:
- Enfrentar lacunas de performance com realismo e ação. Reestruturar processos, eliminar ineficiências e revisar os modelos de operação. 
- Adotar o EVA como métrica orientadora da estratégia. Aprofundar a análise do retorno sobre o capital investido e alinhar estratégia e disciplina de capital. 
- Tomar decisões difíceis com agilidade. Evitar postergar ajustes inevitáveis. Momentos de crise abrem espaço para transformações estruturantes. 
- Apresentar uma tese clara de investimento ao mercado. Ir além do histórico de resultados. Comunicar, com transparência, uma agenda de valor que mobilize capital e confiança. 
Empresas que quiserem não apenas sobreviver, mas prosperar, precisarão operar com outro nível de ambição estratégica. Gerar valor não é mais uma consequência. É uma escolha. E exige foco, coragem, disciplina e, sobretudo, disposição para agir.
No fim das contas, geração de valor não é uma questão de compliance. É uma questão de competitividade.




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