O que eu gostaria, mas raramente leio, em Relatórios de Administração
- Ismael Santos
- 2 de abr. de 2024
- 3 min de leitura
Nosso objetivo é administrar eficientemente os ativos que nos foram confiados, em benefício dos acionistas. Nossa estratégia para isso é explorar os pontos fortes dos negócios essenciais, realocar ativos improdutivos e fortalecer a empresa adquirindo negócios nos quais possamos agregar valor. Aumentar o tamanho da empresa não é nosso objetivo, a menos que isso contribua positivamente para a geração de valor.
Estamos comprometidos com inovações bem-sucedidas, não apenas no desenvolvimento de novos produtos, que são o oxigênio das empresas, mas também na busca por maneiras melhores de administrar nossos negócios.
Acreditamos que uma estrutura organizacional descentralizada é a maneira mais racional de administrar a corporação. Nossas unidades operacionais são dimensionadas para se manterem independentes e cada uma tem o tamanho necessário para competir em seu respectivo mercado. Todas as nossas unidades devem ser fortes geradoras de caixa, e as unidades de alto desempenho não subsidiam as de desempenho insuficiente.
Mantemos uma equipe limitada em tamanho e escopo. A maioria das funções de suporte às operações está organizada como atividades de serviços independentes e, quando possível, sujeitas à concorrência externa. Os administradores são recompensados pela qualidade e valor dos serviços prestados, e não pelo tamanho de seus departamentos. Isso visa coibir comportamentos burocráticos e manter baixas as despesas gerais.
Procuramos manter um ambiente operacional simples e direto. Temos um número mínimo de níveis gerenciais – não há chefias de grupos, tampouco comitês gerenciais de relevância. Como resultado, as linhas de comunicação na empresa são curtas. Além disso, não impomos um regime padrão de sistemas de gerenciamento e processos, evitando estruturas que enfatizem excessivamente o controle, em favor de uma estrutura que estimule o pensamento criativo e a inovação.
Dentro de um formato de gestão flexível, nossa única rigidez é administrar os negócios com foco na geração de caixa e criação de valor econômico, mesmo que esse enfoque contrarie as medidas tradicionalmente aceitas – e, muitas vezes, antiquadas – de desempenho corporativo.
Estamos convencidos de que não há maneira de implementar uma estratégia sem que haja pessoas extraordinárias ao nosso redor. Nosso principal trabalho é atrair os indivíduos certos e transmitir a eles um senso de responsabilidade. Buscamos criar um ambiente em que as pessoas se sintam como parceiras, independentemente de seus níveis hierárquicos.
Um dos nossos principais deveres é nos preocupar com o desenvolvimento das pessoas. Queremos formar uma equipe dedicada a um objetivo comum – criar um ambiente onde talentos possam aprender continuamente uns com os outros. Todos os nossos colaboradores recebem uma parte dos lucros da empresa que excedem o retorno mínimo esperado nos investimentos. Isso demanda tempo e esforço, mas as pessoas se sentem valorizadas e percebem que participam do processo de decisão – e, de fato, participam.
A outra grande parte do nosso trabalho é decidir em que negócio devemos entrar – escolher entre áreas já estabelecidas e áreas emergentes. Algumas dessas áreas podem estar distantes uns 10 anos ou mais e, portanto, a escolha não é fácil. Entre outras coisas, buscamos entender as necessidades de longo prazo dos clientes – mesmo aquelas que eles ainda não reconhecem.
Diferentemente da maioria das empresas, não estamos voltados apenas para o produto, mas para construir uma empresa orientada a pessoas e a uma tecnologia essencial básica. A partir daí, buscamos identificar quais necessidades existem e desenvolvemos soluções para atendê-las.
Entendemos que abraçar a impermanência é crucial. Em um mundo que se move rapidamente, não podemos nos apegar a estruturas, sistemas ou processos que criam ciclos viciosos. Estamos dispostos a abandonar algo que funcionou bem por um tempo, mesmo que tenha sido bem-sucedido.
Não caímos na armadilha de sermos reativos e pensarmos no curto prazo. Muita coisa está em jogo para deixarmos isso acontecer. Em vez disso, passamos muito tempo pensando no que irá mover a economia dentro do nosso setor e em como podemos criar vantagens competitivas duradouras para preencher as lacunas que surgirão.
O equilíbrio entre crescimento lucrativo e sustentabilidade está no centro da nossa gestão estratégica e financeira. Este é o caminho para pensar estrategicamente o negócio, garantindo não apenas a sobrevivência, mas o florescimento em um mercado em constante evolução.
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